Quíron e a sua jornada de Karma a Dharma |
a cargo de Paolo Crimaldi |
ARTIGO DE |
Quíron é um corpo celeste descoberto apenas em 1977, mas que logo suscitou um interesse notável entre os astrólogos, sobretudo dos países anglo-saxônicos, por estar recheado de significados que estão em perfeita sintonia com o período histórico, social e evolutivo no qual vivemos. De fato, Quíron foi logo caracterizado como a figura do próprio Mestre interior, com aquela imagem arquetípica do terapeuta interior capaz de nos conduzir de uma situação psíquica à outra, nos ensinando a aprender a partir da experiência, daquilo que normalmente fazemos no dia a dia, e, ao mesmo tempo, aprendendo a dar uma importância particular e sacra àquelas que são as nossas intuições, àquelas particulares percepções que parecem vir de outra dimensão, mas que resultam indispensáveis para compreender aquilo que se está fazendo e sobretudo qual caminho se está seguindo. Quíron é uma espécie de barqueiro das experiencias limitadoras, obrigatórias, às vezes castradoras do karma, geralmente ligado a vidas passadas ou a experiências vividas na primeira infância, àquelas mais livres de condicionamentos, escolhas feitas em total autonomia no ato da atual encarnação. Em outras palavras, pode-se dizer que Quíron nos ajuda a fazer uma experiência que pode nos ajudar a mudar a nossa perspectiva das coisas, a mudar comportamentos, condicionamentos, hábitos e estilos de vida que nos impedem de prosseguir no caminho do crescimento psicológico, espiritual e transpessoal. É preciso lembrar que ao longo deste caminho de crescimento, Quíron nunca esquece da experiência passada e, geralmente, faz bom uso disso, sem, porém, continuar a condicionar as escolhas, mas procurando superar todas as atitudes que coagem para repetir modelos aprendidos em vidas passadas e que, inevitavelmente, tendem a se impor novamente sob o peso de um hábito e familiaridade adquiridos. A nível kármico e evolutivo, Quíron também tem um significado muito profundo em relação à vida emocional. De fato, ele nos fornece indicações sobre as nossas feridas mais profundas, sobre o que é para nós a causa de maior sofrimento no relacionamento com o outro. A posição da casa onde Quíron cai nos fornece indicações bem precisas a respeito da impressão emocional que trazemos conosco e quanto isso pode ser um verdadeiro calcanhar de Aquiles nas relações interpessoais. Não é por acaso que se Quíron se encontra em um dos quatro ângulos do céu, especificamente próximo ao Ascendente ou do Meio do Céu. A pessoa pode se transformar em uma espécie de curandeira, de xamã, de terapeuta. Esse poder de ajudar os outros acaba se transformando em uma espécie de tratamento inclusive para nós mesmos, um modo de aliviar as próprias feridas, aquela sensação de vazio emotivo que se herdou de vidas passadas ou de algumas carências de cuidados afetivos na primeira infância. Portanto, Quíronpode se tornar o nosso mestre e curandeiro para uma espécie de necessidade interior, um chamado que vem de níveis mais ancestrais do nosso inconsciente, exatamente como acontece para os xamãs, e que é difícil, sobretudo na fase inicial, compreender completamente e enquadrar em algo bem definido. Além disso, não é por acaso que Quíron é dominante no mapa natal daqueles com profissões que requerem uma relação de ajuda, de pessoas que decidem colocar a serviço dos outros o próprio trabalho interior, a elaboração da dor que atravessaram no curso de um caminho iniciático que pode ter sido constituído tanto de uma análise pessoal quanto de um treino de formação em qualquer disciplina “alternativa”. Mas o verdadeiro ensinamento de Quíron está ligado ao mundo das emoções e consiste na capacidade de encontrar uma ponte entre doçura e determinação, entre romantismo e concretude, entre sonho e realidade. Em outras palavras, Quíron pode nos ensinar a viver nossas emoções com serenidade e consciência e a superar todos aqueles condicionamentos que nos impedem de ser nós mesmos, de sermos protagonistas absolutos da própria afetividade e de não repetir modelos relacionais herdados de existências passadas e que não pertencem mais à nossa nova personalidade. |